segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mais música, mais arte, menos fofocas: RIP, Amy!*

Vamos direto ao ponto: Amy Winehouse, assim como muitos outros artistas, morreu este final de semana e, embora a autópsia no corpo ainda não tenha sido feita, sabe-se que isso tem muito a ver com o uso de drogas. É triste e chocante pensar que pessoas com 27 anos deixem seu corpo perder para substâncias pesadíssimas como as que Amy usava.



Não vou falar bem das drogas aqui, mas fico me perguntando as razões para essas histórias se repetirem. Enxergo nesses artistas como Amy, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain (isso só para citar os que morreram com 27) mais do que a idade em comum: todos eram geniais. Todos revolucionaram sua geração. Uma vez ouvi uma frase que na hora me indignou, mas depois me fez pensar 'Às vezes, ser ignorante é uma benção'. Sim! Pensar complexamente não é para qualquer um! É angustiante! Não conheci nenhum dos artistas citados e não posso ter certeza do que exatamente atormentava cada um deles, mas por suas letras, músicas, entrevistas, seu legado, enfim, vejo pessoas INTELIGENTES.










Aí vai vir um moralista aqui dizer 'Quem é inteligente não usa drogas!mimimi'. De fato, não saber o próprio limite e perder para as drogas não é algo inteligente. Mas se sabe que várias drogas afloram a criatividade, apagam (mesmo que por pouco tempo) as angústias, que muitos de nós, jovens - super enquadrados nesse modelo trabalha-estuda-namora-casa-tem filhos-morre - também temos.

Meu post sobre a morte da Amy só tem um propósito: tentar dizer que os artistas têm um papel importantíssimo na sociedade. Os certinhos, os locões, não importa. Eles não vivem esse padrão regrado que temos e não estão nem aí para esse papo saudável ou essa história de longevidade. Eles estão aí para revolucionar, para fazer diferente, para trazer uma arte nova, uma visão nova.
Não estou dizendo que sair por aí se drogando é legal, mas talvez seja preciso sim, de tempos em tempos, aparecer uma Amy que resgata o soul de 50 anos atrás com uma poesia contemporânea e nos mostra que independente do quão louca, drogada, inconsequente ela possa ser, sua música é boa, sua arte toca fundo mesmo nos mais cheios de pudores.

Basta prestar atenção uma das músicas da Amy para notar que além de angústia e melancolia, tinha muita poesia:

Self professed... profound
Till the chips were down
...know you're a gambling man
Love is a losing hand
Though I'm rather blind
Love is a fate resigned
Memories mar my mind
Love is a fate resigned
Over futile odds
And laughed at by the gods
And now the final frame
Love is a losing game





E você, quando se sente assim não vai para um bar encher a cara de cerveja? Talvez a intensidade com que Amy viveu sentimentos seja compatível com a intensidade que ela tentou se livrar deles com drogas. E quem sou eu para julgar? Não sou ninguém! Não tenho capacidade para compôr o que Amy compôs com os meus vinte e poucos anos. Pessoas que brilham com essa idade (e não tô falando do Luan Santana ou coisa parecida) são pessoas iluminadas, inteligentes, revolucionárias, como o mundo precisa.

Basta ouvir a clássica 'Rehab' para ver que a arte não se separa do que a pessoa é. Sem o contexto de drogas, sem reabilitação, 'Rehab' não existiria.




Na vida de Amy teve mais escândalo que música? Pode ser... a carreira foi curta. Mas por favor, vamos olhar para o que interessa: mais música, mais poesia, mais pessoas revolucionárias e menos fofocas, menos tablóides!

RIP, AMY!






*Esse post não expressa a opinião da Aerial7 Brasil
















quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amigos compositores (?)


Já que é dia do amigo, selecionamos algumas amizades que fazem muito bem para nossos ouvidos. Sim!Grandes amizades também resultaram em grandes canções! E como em toda a amizade verdadeira, nem tudo é alegria. Tem briga, tem ciume, mas o que importa é que com esses aqui, também tem muita música boa.

Keith Richards e Mick Jagger



Quase todos os títulos dos Rolling Stones foram compostos por seus líderes fundadores, que durante são ícones do Rock'n'roll e olha que já faz quase meio século. Claro que nem tudo é lindo na amizade desses doidões. Em 2010, Keith Richards lançou a autobiografia 'Life', onde diz com todas as letras que Mick Jagger tornou-se insuportável. Jagger, em contrapartida, disse que o livro do companheiro era chato e previsível. Apesar de tudo isso, o guitarrista dos Stones declarou que Mick Jagger ainda é um grande amigo. Veja aqui.



Curta então, um dos clássicos dos Stones, composto pela dupla de 'amigos':



John Lennon e Paul McCartney




Desde que se conheceram, em 1957, e sonhavam em ser maiores que Elvis Presley, John e Paul iniciaram uma parceria muito produtiva. 10 anos depois, a parceria já não era mais a mesma e os dois líderes dos Beatles já não compunham mais como antigamente, quando sentavam um de frente para o outro com seus violões. Todos sabem que a presença de Yoko Ono na vida de Lennon incomodava o restante do grupo e com o passar do tempo as composições passaram a ser trazidas individualmente para os ensaios e, somente às vezes um dava os toques finais na idéia do outro. Ainda assim, Paul e Lennon compuseram clássicos, como 'A Hard Day's Night:



Caetano e Gil

Esses, pelo que se sabe, são mais 'paz e amor'. Caetano e Gil se conheceram nos anos 60 e foram os cabeças do movimento tropicalista, junto com Gal Costa, Tom Zé, Maria Bethânia e mais um monte de gente bacana. Hoje eles são mais 'engomadinhos' e politicamente corretos, mas basta olhar a foto a baixo para ver o 'naipe revolucionário' da dupla.









Poderíamos citar mais pelo menos 10 casos de amizades, tanto as 'calminhas' quanto as 'doidonas' ou as cheias de amor e ódio. Mas o que importa no dia de hoje é mostrar que, do jeito que for, as amizades são muito produtivas. Esses caras aí, independentemente de qualquer coisa, nos deram canções históricas e marcaram uma era.
Todo o amor envolve um pouco de ódio, de ciúmes, de birra. Numa banda, ou num grupo de colégio, os egos acabam mesmo se sobrepondo, mas as noites de loucura, as canções e os sonhos divididos são infinitamente maiores.

Pode quebrar a guitarra, mas depois aumenta o som e curta a madrugada com seu amigo! :) #ficaadica






segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meia noite em Paris: Assista!

Na última quinta-feira, enquanto centenas de pessoas estavam em uma fila imensa no Unibanco Arteplex, em Porto Alegre, para comprar o ingresso da estréia do último filme da 'saga' Harry Potter, eu passei reto e me juntei ao 1% das pessoas que foi até o cinema para olhar outro filme. (graças a deus a fila não era única, então pessoas que queriam assistir outros filmes podiam passar reto!)

Que 'Meia noite em Paris' é o novo filme do Woody Allen e que o cara é genial todo mundo já sabe. Mas algumas coisas me surpreenderam, começando por Owen Wilson que para mim até agora era apenas 'o loirinho do nariz torto, que só faz comédia romântica'.



A história é mais ou menos assim: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos, mas não passa de um roteirista Hollywoodiano frustrado (sentiu a crítica sutil?). Ao visitar Paris, Gil - que está prestes a se casar com uma burguesa mega chata, Inez- começa a encontrar pessoas (aí está toda a graça do filme, mas não vou contar) que desencadem o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido. Além de tudo, a noiva de Gil tem um 'amigo' pseudo-intelectual, daqueles totalmente vazios, superficiais, mas que adoram ser idolatrados. O diretor adere ao ao realismo fantástico para discutir a imagem de Paris, uma cidade-museu, que muitas vezes serve de refúgio para artistas (americanos) sem crédito.

A questão toda é que agora, depois de assistir muitos filmes do Woody Allen consegui me dar conta das razões para achá-lo tão genial. Percebi que o diretor consegue sempre fazer um 'meta-filme', ou uma 'meta-discussão', que no caso de 'Meia Noite em Paris' é sobre a arte. Ele sempre consegue colocar as palavras na boca de personagens muito verdadeiros e, por mais contraditório que pareça, os temas abordados parecem mais reais assim. Nesse caso, ele usa o livro que está sendo escrito por Gil para discutir a arte, o saudosismo à épocas anteriores, etc.


O realismo fantástico utilizado por Allen é uma ferramenta, mas o mais importante são os insigths trazidos por ele. Sutilmente o filme defende que a arte não deve ser ostentada, mas experimentada. O amigo pseudo-intelectual de Inez coloca a arte num pedestal ao 'derramar seus conhecimentos' passeando pelos jardins de Versalhes ou ao observar as estátuas de Rondin. As cenas nesses lugares que preservam a arte lá longe de nós, meros mortais, somadas à arrogância do personagem deixam tão claro o quão ridículo é esse (pseudo) intelectualismo, que Woody Allen parece não precisar se esforçar para mostrar seu posicionamento. Ora ele usa o livro de Gil, ora usa o personagem pseudo-intelectual, mas o que importa mesmo é que ele consegue deixar muito clara a sua visão sobre a arte.

Li por aí que o cineasta que não conseguia financiamento para rodar em Nova York e, assim, partiu para uma - bem-sucedida - turnê de filmes europeus. Não deixa de ser irônico chegar em Paris e ser acolhido!

Chega de papo, aí vai o trailler. E cuidado: a vontade de largar tudo e correr para Europa é forte!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Os mashups pós-modernos do Eclectic Method

Especializado em mixagem de áudio e vídeo, o Eclectic Method - grupo formado pelos londrinos Jonny Wilson, Ian Edgar e Geoff Gamlen - tem agitado a internet com mashups que reorganizam as imagens e sons de clipes, filmes e jogos de vídeogame para a emoção do público ao redor do mundo. O trio já trabalhou em diversos videoclipes famosos como “Misterious Ways”, do U2, “Intergalactic”, dos Beastie Boys, além de projetos com Fatboy Slim, Public Enemy e remixagens oficiais da Motown.



Além disso, seus remixes de ponta têm servido como ferramentas promocionais para as marcas globais e artistas.

Um exemplo é o projeto “The 8-bit Mixtape: Trying to play me out like as if my name was Sega”,lançado em setembro de 2010. Criado numa tela de jogos de plataforma 2D (como Mario e Megaman), o vídeo reúne diversos referências de jogos como Mario, Pac-Man, Contra e Paperboy. O divertido nessa história toda é descobrir todos os games antigos inseridos na mesma tela.

Ao vivo, os caras improvisam mash-ups com conjuntos de recursos de televisão, cinema (destaque para as mixagens dos filmes de Tarantino), música e imagens de vídeo game fatiado e picado em um embolamento pós-moderno na pista de dança. Dá o play ae:


The Tarantino Mixtape from Eclectic Method on Vimeo.




Bob Marley Mix from Eclectic Method on Vimeo.




Live Video Remix Demo from Eclectic Method on Vimeo.



The Lady Gaga Mixtape from Eclectic Method on Vimeo.



por @laisrp e Corrupted Bass


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Música Sem-voz Brasileira

Até pouco tempo atrás quando se falava em música intrumental normalmente as pessoas associavam à chatice. Acontece que a partir dos anos 2000 o rock brasileiro começou a vivenciar um momento de transformação com o surgimento de uma série de bandas de rock instrumental que começaram a alçar vôos mais altos. Desmistificando a falta de letras e vocais as novas bandas do rock instrumental no Brasil hoje já possuem um círcuito de shows bastante consolidado.

Mas e quem são essas bandas? Provavelmente alguma das que vou mostrar você já deve ter ouvido, se não ouviu vale muito a pena conferir.


O power trio da Pata de Elefante

Uns dos encabeçadores dessa invasão do rock instrumental são os gaúchos da Pata de Elefante. A banda carectariza-se principalmente pelos solos de guitarra possuírem uma melodia muito próxima à melodia de um vocal, isso sem dúvida torna suas músicas mais amigáveis à ouvintes de música “não-instrumental”. Sem contar que a Pata de Elefante como toda banda gaúcha apresenta aquela linha rock’n’roll clássico que já consagrou tantos outros grupos do RS

O porta-voz da 'Pata' (como chamam os íntimos) é o baterista Gustavo Telles, responsável por inúmeros outros projetos musicais de música folk, rock e até tradicionalista. Mas o show a parte mesmo fica por conta da dupla de guitarristas Gabriel Guedes e Daniel Mossmann se revezando entre baixo e guitarra ao longo do show e marcando dois estilos bastante diferentes nas suas composições. Confere aí duas músicas da Pata e vê se não é demais.

Seguindo uma linha menos melódica e bem mais experimental surgem os caras do Hurtmold. A banda paulistana já está na estrada há mais de dez anos, mas ganhou destaque a partir da primeira turnê solo do Marcelo Camelo. Nesse ano participaram inclusive da gravação do segundo disco solo do ex-Los hermanos. A proposta do Hurtmold mistura muitos elementos de percussão e sopro com guitarras distorcidas e/ou reverberadas. Na verdade muitas vezes a guitarra vira quase mais um intrumento de percussão em meio à misturada sonoridade da banda. Dá o play:

Os experimentalistas do Hurtmold

hali djascar - hurtmold by spmarginal-teste

O rock intrumental brasileiro é assunto pra mais de um post, com certeza. Então aguenta aí que semana que vem eu trago mais uns aperitivos da música sem-voz brasileira.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O mais indie da black music e vice-versa

Ouçam essas duas músicas e imaginem a pessoa que está cantando (só tem graça pra quem não conhece a “lata” dos cantores)

Jamie Lidell - Multiply by Because Music

Darwin Deez - Radar Detector by inertiapromo

Até a passagem do Darwin Deez pelo Brasil achava que o Jamie Lidell era um ícone isolado na representação da “música negra” por parte dos caucasianos. Bom, pois depois de ver Darwin em ação dá pra perceber uma tendência (pelo menos norte-americana) de branquelos fazendo o mais indie da black music (e vice-versa). Eu nem gosto muito dessa história de separação racial, mas tratando-se de música o rótulo é valido, pela origem, pelas raízes.

Sobre os caras citados anteriormente , Jamie Lidell nem um pouco à toa é conhecido como o Prince Branco. Ele transita com muita naturalidade pelo cenário Indie , R&B, Drum'n'bass e dá umas beliscadas no pop sem muita força. Ano passado lançou o álbum Compass, conquistando com ele uma maior popularidade. Inclusive ouvi no rádio aqui no Brasil inédito!! (pra mim, óbvio). Ao ouvir o som do cara é realmente difícil acreditar que todo esse soul e essa pegada seja feita por um barbudinho pirado, mas essa é a verdade.

Praticamente o mesmo se aplica ao não menos pirado Darwin Deez. Quem não viu o show pode conferir uma boa descrição no blog do mycool. O som feito por Darwin não tem essa identidade negra tão forte quanto o do Jamie Lidell, mas a apresentação no palco sem dúvida. O show do cara dos cabelos de rabino rebelde culmina com um rap ao vivo cantado no meio da galera, sem contar nas dancinhas coreógrafadas no maior estilo “Mc Hammer/U can touch this”. O cara na real é o auge da mistureba cultural e musical. Se você achava que o Vampire Weekend era cool porque misturava guitarrinha com ritmos africanos... já era.

Darwin Deez (e) e Jamie Lidell (d), os branquelos do indie/black

Mas enfim, a mistureba pós-moderna do rock/indie dos dias de hoje é assunto pra outro post. Então fica com um clipe bem normalzinho do piradão Darwin Deez e se liga no swing do Black (or White?)


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Samples do Daft Punk

Confesso que não sou um grande fã, nem entendedor de música eletrônica, mas sem dúvida o duo francês Daft Punk é uma exceção para grande parte dos roqueiros ou “popeiros” por aí. O Daft Punk é daqueles ícones que estão acima da sua rotulação e acabam invadindo as playlists de alguns ouvintes um pouco mais ecléticos.

Talvez um dos segredos dos franceses pra entrar nos ouvidos de um maior número maior de fãs esteja no sampleamento de músicas de ritmos mais “populares”, porém não tão conhecidas. A incrível arte de transformar antigas batidas, principalmente da música negra da década de 70, em grandes entrelaçados de sintetizadores, o que faz com que aquela barulheira o mais eletrônica possível pareça familiar e mais melódica.

Não entendeu direito? Então se liga de onde os caras tiraram boa parte da melodia de alguns dos seus sucessos:

Uma aceleradinha nos BPMs aqui, uma voz de robô ali e tá feito. Se fosse simples assim... O processo todo passa desde garimpar verdadeiras antiguidades musicais até a criação dos efeitos e mixagens. Um prato cheio para os admiradores da fusão entre o passado e a tecnologia. A quem possa achar que isso é cópia, mas é so dar uma boa escutada na clássica Harder, Better, Faster, Stronger pra ver que os caras são gênios. Ou vai dizer que aquela sobreposição de vocais tá no sample original?

E aí quer saber quem mais andou sampleando coisas por aí e você nem sabe? Então clica aqui e descobre se aquela música que você rebola até o chão não é o bolero do primeiro beijo da sua vó!

Samples do Daft Punk: http://www.whosampled.com/artist/Daft%20Punk/