quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Rock nas pistas – Parte I

Disco, Disco, Good, Good



Século passado. Nos anos 50 e 60 os jovens rebeldes lotavam salões, ginásios de colégios e inferninhos para ouvir uma barulheira nunca feita antes. Nos anos 70 foi todo mundo pros parques e afins curtir um rock cabeludão ao ar livre. Mas 1977 foi o ano símbolo do punk rock. Em 77 se quebrava tudo. E de repente o movimento 77 deu um ultimato para as bandas de rock “convencionais”.

A fila do showbizz continuava andando, os rockers que colheram seus louros com profundas guitarreiras (e não a urgência do punk) não podiam voltar atrás, rasgar as roupas e sair gritando por aí. Eles sentiram a necessidade de pegar carona com a nova onda. Em alguns casos, a gravadora pressionou deveras.

A nova onda mexeu com os ânimos dos fãs, produziu tremendos fiascos, mas deu ao mundo grandes hinos, que nunca teriam sido pensados se não fosse ela, a DISCO MUSIC.



78 e 79 foram dominados por ela. A gente sabe bem. E a gente gosta. O flerte do rock com a disco rendeu algumas pérolas que a gente nunca vai esquecer. Vou listar, aqui, algumas das minhas favoritas. Sem muita ordem nem critério (mentira).

10. DEVO

Álbum: Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! (1978)

O Devo não era disco music, e sim a continuação da invasão eletrônica que começou com o Kraftwerk e proporcionou também a tecnologia para que surgisse a disco. Mas Devo não era exatamente eletrônico, porque eles faziam a loucura toda com instrumentos orgânicos. Merece seu lugar nessa lista pela provocação explícita aos roqueiros.




9. Talking Heads

Álbum: Fear of Music (1979)

O Talking Heads entrou no rol do punk pela hora e pelo lugar, mas não pelo som. Eles já vinham flertando com o groove desde o primeiro álbum. Mas esse aqui, além de ser a minha menina dos olhos (e de um tal de John Frusciante também), é o álbum que inaugura oficialmente a estética que ficou conhecida como Art Rock, que ali nos idos de 2006, 2007 foi retomada com força. Mas esse é assunto pra outra hora. O que importa aqui é toda a ginga de Mr. Byrne e a produção de um cara chamado Brian Eno (guarde esse nome).




8. Blondie

Álbum: Parallel Lines (1978)

Acho que este era previsto. A figura da ex-garçonete do Max Kansas City Debbie Harry à frente do Blondie, já dando as caras do que seria a New Wave, não teria outra saída se não rebolasse o pandeiro. Queridinhos da EMI, e do Studio 54. E um dos hits supremos do disco-rock (opa, eu disse isso mesmo?).




7. Frankie Valli

Single: Grease (1978)

Não tem muito o que falar sobre essa aqui, só que o Peter Frampton que fez as guitas. E o Bee Gees falseteou que ela seria eterna. Aumenta o volume!




6. Patti Smith

Álbum: Easter (1978)

Não, a Patti não se rendeu à disco music. Não, o som que estrelamos aqui não tem o clima da disco music. Mas - a) é uma parceria com o Bruce Springsteen; b) é um rock pesado e dançante pra caramba, ao mesmo tempo; c) preste atenção no timbre da bateria; d) você já ouviu falar de 10.000 Maniacs; e) é uma parceria com o Bruce Springsteen.




5. Electric Light Orchestra

Álbum: Discovery (1979)

É complicado mexer com amantes do rock progressivo. E quando A banda do rock progressivo trolla os fãs dessa maneira? O que fazer? Tem muita gente que nunca perdoou a ELO por esse disco, e MUITO menos pela trilha sonora do filme XANADU, com Olivia Newton John. Mas há uma certeza. Músicos de prog sempre farão tudo da maneira mais sensacional possível.




4. Frank Zappa

Álbum: Sheik Yerbouti (1979)

Zappa tinha verdadeiro ódio da disco, ninguém faz ideia do quanto. Então ele gravou um disco inteiro de “protesto” contra esse gênero horrível, babaca, chulepa, pobretão. Um disco inteiro. Em suas próprias palavras:

Disco satisfied social as well as musical needs. Disco people got to dress up all the time and go to places (if the guy at the door let them in) where everybody sort of 'looked good' -- and later, after an evening of chemical alteration, everybody looked even better, and the next thing they knew, they were getting The Blow Job. (ZAPPA, Frank. The Real Frank Zappa Book. 1988. p.127)

Esse vídeo é pra chorar:




3. Rod Stewart

Álbum: Blondes have more fun (1978)

Chegamos no Top 3. Aqui as coisas estão mais óbvias, e você já cansou de ficar lendo. Vamos direto pro agito. Eu não consigo mensurar quantas vezes Do Ya Think I´m Sexy foi regravada. Fico com a original, a do Tom Jones, e a do Revolting Cocks.



P.S. – O video original não dá pra postar aqui, mas dá uma olhada nele, porque é eterno.


2. KISS

Álbum: Dynasty (1979)

Nenhum álbum dos listados aqui é mais impressionante que esse. O Kiss só não fica com o primeiro lugar porque, bem, você vai ver. O esforço pra ter um climão dançante e ao mesmo tempo não perder a pose de bad boys é hercúleo. Mas, confesso, anda sendo o meu disco preferido deles.

Obs.: Vocês dizem DI-NAS-TI. O Kiss diz DIE NASTY !!!




1. Rolling Stones

Single: Miss you (1978)

É. Podemos quebrar a cabeça com o assunto. Mas essa é insuperável. A ambição e necessidade de se enturmar de Sir Mick Jagger nos deu um dos maiores smash hits da disco-rock (ops, falei de novo).
Não dá pra colocar Miss You no mesmo nível que o Some Girls, que apesar de ser um baita álbum, destoa da faixa em questão.
Keith Richards explica:

A princípio não vimos nada de muito especial em “Miss You” enquanto estávamos trabalhando nela. Foi tipo “Ah, Mick foi a uma discoteca e saiu de lá cantarolando isso”. A música foi o resultado de todas as noites que Mick passou no Studio 54, aquela batida de quatro tempos no bumbo. Então ele disse: “Coloquem uma melodia nessa batida”. Nós decidimos contribuir com a ideia dele de criar alguma coisa que tivesse um ar de discoteca, deixar o cara feliz. (...) E foi um sucesso total. (RICHARDS, Keith. Vida. 2010. p. 444)





Rock nas pistas continua. Vamos vasculhar todos os buracos negros da dancefloor. Fique ligado aqui no blog da Aerial 7.

Um comentário:

  1. Achei as conexões extremamente não-óbvias. Para o grande público, claro, no qual me incluo neste caso. O bacana do texto é que ele contextualiza um momento musical de cima-pra-baixo de "reação", não necessariamente confronto, à explosão punk. Fica bem mais claro aqui, graças ao didatismo dos exemplos, que essa reação excede em muito as versões batidão das músicas dos sex pistols. Parabéns, Dani! Abraço!

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