terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

M/E/C/A/Festival*



Quem foi ao M/E/C/A/Festival no Jimbaran, em Atlântida, esperando ouvir as batidas eletrônicas recorrentes especialmente no disco de estreia do Vampire Weekend teve uma surpresa.
No show que os nova-iorquinos fizeram sábado à noite praticamente não se ouviram os "barulhinhos" típicos de suas músicas. Ouviu-se, no entanto, muito da qualidade e da precisão das guitarras dos bem educados rapazes da Universidade de Columbia.
O quarteto liderado por Ezra Koenig foi a penúltima banda a subir no palco do festival, ocupado antes pelos irlandeses do Two Door Cinema Club, que abriram a sessão internacional do evento. Durante a tarde, atrações indies nacionais como a Wanna Be Jalva e a Rosie and Me comandaram a festa, que só ficou dançante mesmo com a subida dos curitibanos do Copacabana Club ao palco. Além do rock independente, o festival também trouxe para o litoral gaúcho nomes importantes da cena eletrônica, como The Twelves e o duo Layo&Bushwacka, que se apresentaram simultanemente às bandas do palco principal.


Foto: Jean Shwarz - ZERO HORA


Eram pouco mais de 23h quando os primeiros acordes de Holiday fizeram o público gritar e bater palmas. O set list do show mais aguardado do M/E/C/A/Festival foi bem dividido entre as canções de Vampire Weekend (2008) e Contra (2010), este o disco que deu à banda o primeiro lugar na parada americana no ano passado. Ao ouvir os riffs de A-Punk, faixa obrigatória nas festas alternativas da Capital, o público delirou. O vocalista só conversou – um pouquinho – com o público quase ao final da apresentação, convidando todos a fazerem uma "coreografia". Antes de Mansard Roof, de pegada animada, quase carnavalesca, Koenig avisou:
– Ergam os braços e balancem as as mãos. É a melhor dança para a próxima canção.


Foto: Jean Shwarz - ZERO HORA


Atlântida viu um Vampire Weekend posudo, com vocais impecáveis e guitarras que se sobressaíram, deixando a apresentação ao vivo muito mais rock do que se conhece da banda em estúdio – bem ao estilo de seus conterrâneos nova-iorquinos como The Strokes e Talking Heads. A única música que perdeu um pouco do impacto com a dimunição das batidas eletrônicas foi o hit Giving Up the Gun, que usualmente anima as pistas de dança mas que, em Atlântida, nem com o jogo de luz coordenado com os acordes conseguiu o mesmo efeito. Foi mais um daqueles ótimos show de rock nos quais só faltou um tanto mais de interação com o público para incendiar de verdade a plateia.


Foto: Jean Shwarz - ZERO HORA

Apesar do festival contar com bandas adoradas pelos indies e de ter uma boa estrutura de organização, o público presente ficou abaixo do esperado – falou-se em cerca de 3 mil presentes. Talvez o tamanho do local para receber dois shows simultâneos – e direcionados a públicos diferentes – tenha aumentado essa sensação por ter deixado as pessoas espalhadas no entorno do Jimbaran. Não se pode esquecer também que, apesar da seleção de bandas super "in", praia e calor não é bem a combinação favorita dessa tribo.

PRAIA COM ESTILO INDIE



O Jimbaran, badalada casa noturna de Atlântida, nunca antes viu tantas pernas brancas e finas. O M/E/C/A/Festival levou ao Litoral um público que, em sua maioria, prefere se esconder do sol atrás de camisas xadrez e saias de cintura alta, de prefêrencia longe do mar. O pessoal de wayfarer colorido e visual caprichado (tipos que aparecem no trabalho do hypado fotógrafo do site thecobrasnake.com, que clica as festas do circuito americano e europeu e que esteve em Atlântida) era a maioria na festa da música indie na praia.
– Viemos porque queríamos vivenciar essa sensação de festival – contaram Ana Carolina Dias e Bruna Xavier, ambas de 17 anos, deixando claro que a praia em si não é atração para elas.
Caras bem conhecidas da noite alternativa de Porto Alegre circularam pelo evento – o que, para Karenina Favero, 25, foi um dos pontos altos do festival:
– Isso aqui é um mix dos públicos de todas as casas noturnas mais legais da Capital.

AVENTURA IRLANDESA no LITORAL GAÚCHO

Foto: Jean Shwarz - ZERO HORA

O públicado dançava empolgado ao som do Copacabana Club quando os quietinhos porém simpáticos irlandeses do Two Door Cinema Club saíram do backstage para customizar seus pares de tênis em uma das áreas do M/E/C/A/Festival. O vocalista Alex Trimble nem chegou ao destino final – foi parado por fãs querendo fotos e abraços. Já o baixista Kevin Baird e o guitarista Sam Halliday encararam o desafio.
Mesmo sem ter dormido a noite anterior, quando se apresentaram em Buenos Aires, Baird não escondia a empolgação:
– O convite para tocar no Brasil ficou entre os shows na Argentina e na Austrália, mas nos deixou tão felizes que pensamos: danem-se os dois dias de folga.
A visita dos irlandeses ao litoral gaúcho rendeu almoço na beira da praia, banho de mar e até a queimadura de uma mãe d’água. Nada de reclamação: acostumados às águas geladas de seu país, eles consideraram o mar "quente".


Foto: Jean Shwarz - ZERO HORA


No show, o trio de eletropop tocou todas as faixas do disco de estreia Tourist Story e ainda apresentou a inédita Hand Shake. Segundo Baird, eles já possuem material para o próximo disco, mas vão trabalhá-lo melhor depois de março, quando se fixarão em Glasgow, na Escócia, para dar forma ao novo projeto.


Essa matéria foi retirada na íntegra do Jornal Zero Hora do dia 31/01/2011. É de autoria de Bruna Amaral que também escreve no blog Intercambiando (@intercambiando_) .
Vale a pena conferir!









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