segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meia noite em Paris: Assista!

Na última quinta-feira, enquanto centenas de pessoas estavam em uma fila imensa no Unibanco Arteplex, em Porto Alegre, para comprar o ingresso da estréia do último filme da 'saga' Harry Potter, eu passei reto e me juntei ao 1% das pessoas que foi até o cinema para olhar outro filme. (graças a deus a fila não era única, então pessoas que queriam assistir outros filmes podiam passar reto!)

Que 'Meia noite em Paris' é o novo filme do Woody Allen e que o cara é genial todo mundo já sabe. Mas algumas coisas me surpreenderam, começando por Owen Wilson que para mim até agora era apenas 'o loirinho do nariz torto, que só faz comédia romântica'.



A história é mais ou menos assim: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos, mas não passa de um roteirista Hollywoodiano frustrado (sentiu a crítica sutil?). Ao visitar Paris, Gil - que está prestes a se casar com uma burguesa mega chata, Inez- começa a encontrar pessoas (aí está toda a graça do filme, mas não vou contar) que desencadem o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido. Além de tudo, a noiva de Gil tem um 'amigo' pseudo-intelectual, daqueles totalmente vazios, superficiais, mas que adoram ser idolatrados. O diretor adere ao ao realismo fantástico para discutir a imagem de Paris, uma cidade-museu, que muitas vezes serve de refúgio para artistas (americanos) sem crédito.

A questão toda é que agora, depois de assistir muitos filmes do Woody Allen consegui me dar conta das razões para achá-lo tão genial. Percebi que o diretor consegue sempre fazer um 'meta-filme', ou uma 'meta-discussão', que no caso de 'Meia Noite em Paris' é sobre a arte. Ele sempre consegue colocar as palavras na boca de personagens muito verdadeiros e, por mais contraditório que pareça, os temas abordados parecem mais reais assim. Nesse caso, ele usa o livro que está sendo escrito por Gil para discutir a arte, o saudosismo à épocas anteriores, etc.


O realismo fantástico utilizado por Allen é uma ferramenta, mas o mais importante são os insigths trazidos por ele. Sutilmente o filme defende que a arte não deve ser ostentada, mas experimentada. O amigo pseudo-intelectual de Inez coloca a arte num pedestal ao 'derramar seus conhecimentos' passeando pelos jardins de Versalhes ou ao observar as estátuas de Rondin. As cenas nesses lugares que preservam a arte lá longe de nós, meros mortais, somadas à arrogância do personagem deixam tão claro o quão ridículo é esse (pseudo) intelectualismo, que Woody Allen parece não precisar se esforçar para mostrar seu posicionamento. Ora ele usa o livro de Gil, ora usa o personagem pseudo-intelectual, mas o que importa mesmo é que ele consegue deixar muito clara a sua visão sobre a arte.

Li por aí que o cineasta que não conseguia financiamento para rodar em Nova York e, assim, partiu para uma - bem-sucedida - turnê de filmes europeus. Não deixa de ser irônico chegar em Paris e ser acolhido!

Chega de papo, aí vai o trailler. E cuidado: a vontade de largar tudo e correr para Europa é forte!

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