terça-feira, 20 de março de 2012

O disco que derrubou a Adele - Uma resenha

Bruce: Tu viu? - Adele: Tô nem aí, sou diva e símbolo de um paí.. oh wait :(

Acho que todos hiperconectados acompanharam na semana passada o nocaute de Bruce Springsteen no já gasto e premiado “21”, da Adele.

O legal é que a notícia foi circulando disparadamente e tomando o mundo sem nenhum filtro nem questionamento. Será que ninguém se ligou que foi justo o BOSS, o American Citzen “Born in the USA” definitivo que acabou com o reinado da inglesinha?

Intrigas à parte, vamos em frente. A gente gostou do que aconteceu, artificial ou não, poucos artistas são capazes de alcançar Bruce Springsteen. Ele dispensa apresentações e é a menina dos olhos das meninas (e dos meninos) da América desde 73. Não se trata apenas de patriotismo ufanista e barato.

Bruce personifica toda uma classe suburbana e trabalhadora que detém os verdadeiros valores do american way of life. Bem diferente do glamour e elitismo de Nova Iorque e Wall Street ou da eterna festa californiana, Bruce é um homem do povo, e vamos combinar que os E.U.A. não sabem produzir artistas assim há tempos a não ser criar sonhos de plástico toda semana.

Bitch, please!

Depois de um período de impopularidade com a juventude, o artista voltou com o título de supercool nos anos 90 por causa um escritorzinho aí, chamado Nick Hornby, que idolatra o super homem americano da vida real. Quem é esse? Só é o cara que escreveu Alta Fidelidade (High Fidelity), o livro/filme/história da vida de todos os apaixonados pela música. O Nick que falou “Thanks BOSS”. Não, na verdade quem falou foi o Rob Gordon:


Mas antes que a gente comece a divagar e ouvir Born to Run, ou querer dançar no escuro, ou ir pras ruas da Philadelphia (putz, e lá tem o Rocky também...) é melhor dar um play logo no Wrecking Ball. Vazado no dia 02 de março, meu aniversário. Desculpa.

Sem nostalgia, não precisa ouvir os discos anteriores. Vamos só ouvir esse e daí sim, você vai correr atrás do resto. O fato é, esses caras que andam levantando a bandeira de folk music, tipo Foster the People, prestem bem atenção: eles tem um CHEFE (e um Xamã, mas esse eu falo outra hora, não vou dizer que é o Neil Young).



01 – We Take Care of Our Own

Essa já tem vídeo, e eu vou escrever aqui exatamente o que eu postei quando vi a semana passada:

Tu vê um troço desse e entende 1- porque supera uma Adele 2- porque Rob Gordon estava certo 3- porque vale a pena acreditar no pop 4- que só o Bruce pode embutir legendas antes de qualquer um 5- que a America é uma coisa só e isso é questão de tempo 6- O amor puro na sua forma mais primitiva.


02 – Easy Money 03 – Shackled and Drawn

O limiar entre o country e o pop estadounidense. Os mais espertos se aproveitam dessa fórmula, de Shania Twain a Guns and Roses. Mas pouco puxam a temática de protesto lá do fundo do baú a la Woody Guthrie.

04 – Jack of all trades

Algumas experimentações, batida eletrônica e a primeira investida gospel do disco, que continua nos momentos finais com 09 - Rock Ground e o primeiro Rap num som do Bruce; e 10 – Land of hope and dreams com a finaleira emprestada de People Get Ready do Curtis Mayfield.

05 – Death to my hometown e 11 – We are alive

Irish folk raivoso. Dizem por aí que essa pegada irlandesa vem das parcerias com o Dropkick Murphys. Raivoso na verdade é o tom geral do disco, mesmo parecendo tranquilo em alguns momentos, o próprio Bruce disse ter lavado a alma contra todas as porcarias que ele tem visto naquele país e no mundo nos últimos tempos. Principalmente, um dedo do meio pra Wall Street.

06 – This Depression

This depression é o descanso pra entrar Wrecking Ball. Do tipo “vem, chega mais, me dá a mão agora, que em alguns minutos a gente vai sair marchando, PRECISO DO SEU CORAÇÃO”.

07 – Wrecking Ball

A música título fala da perspectiva do estádio do Giants, em New Jersey, que foi demolido. Mas é a catarse dentro da pilha “dedo do meio” se a gente pensar nesse refrão: Come on and give me your best shot, let me see what you got, bring on you wrecking ball! Além de, junto com We take care of our own, ser o hino rockezão do disco. Se você já conhece Born to Run, sim, it´s all about the feeling, man!
Sem mais muita delonga, a versão que ele cantou no estádio, antes da demolição (tente segurar o “taquepariu”)


Wrecking Ball é também uma música da Emmylou Harris. Agora, me acompanha. Essa Wrecking Ball foi escrita por Neil Young, e interpretada pela Emmylou Harris que foi a parceira no crime eterna do Gram Parsons. É ou não é muita referência pra um (coração) nome de canção só?


08 – You-ve got it

You’ve got it. Sim. A essa altura você já entendeu. Mentalize a imagem do Alta Fidelidade que postei ali em cima, o Chefe tocando sentadinho e te dando algum conselho. É isso aí. Você sacou.


Se você leu esse texto inteiro sem correr atrás do disco da Madonna, significa que meu esforço valeu a pena.


Diz que a Adele passou o Dark Side of the Moon em vendas. Vamos combinar que com toda a tecnologia de mídia que existe agora, não é um feito assim tão sensacional. E também, quem é que confia em listas? Ops.

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